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Home > Notícias > "Jornalismo investigativo nunca se faz sozinho"

"Jornalismo investigativo nunca se faz sozinho"

Organizado pela Abraji e Jusbrasil, Esquenta do Congresso em Salvador reúne dezenas de profissionais de imprensa

Da esquerda para a direita, estão lado a lado posando juntos Katia Brembatti, Alexandre Lyrio, Bianka Carvalho, Luiz Paulo Pinho, Angelina Nunes e Vanderlei Filho.
Data de publicação: 27/05/2024
Autoria: Abraji

A Abraji e o Jusbrasil realizaram na sexta-feira (24.mai.2024) o primeiro Esquenta do Congresso. O encontro, que reuniu dezenas de jornalistas, ocorreu na sede do Jusbrasil em Salvador e trouxe como convidados Bianka Carvalho, da TV Globo do Recife, Alexandre Lyrio, da TV Bahia, de Salvador, e Vanderlei Filho, do Zero Hora News, de Teixeira de Freitas (BA).


"Fazer jornalismo, especialmente o jornalismo investigativo, nunca se faz sozinho. Os bons trabalhos que eu fiz envolveram muita gente", contou Lyrio, mostrando o que foi necessário para se chegar ao resultado de reportagens de grande impacto que ele realizou ao longo da carreira. Lyrio apontou, por exemplo, uma reportagem sobre menores infratores que, com levantamento e cruzamento de dados, derrubou teses vigentes de que os esses infratores cometem, em grande maioria, crimes recorrentes.


"As pessoas acham que a maioria desses jovens não tem jeito. E a gente encontrou esse dado de que a maioria não volta a cometer crime. Foi uma experiência muito interessante porque, no final das contas, a grande lição é a de que a redução da maioridade penal é uma grande falácia", afirmou Lyrio.


 Angelina Nunes, da Abraji, media debate entre Bianka Carvalho, Alexandre Lyrio e Vanderlei Filho. Eles estão sentados em fileira, sentados se entreolhando.


Especialista em licitações públicas, Vanderlei Filho apontou as dificuldades e caminhos para investigar os contratos firmados e executados pela administração pública. Além de ser um trabalho de acompanhamento e pesquisa, de raspagem de dados de transparência, de conhecimento das leis e regras da licitação, é um caminho que exige muita resiliência dos jornalistas.


"Em oito anos [do Zero Hora News], são mais de cem processos", contou Vanderlei, que, mesmo que garantido por lei, foi impedido de acompanhar as licitações em sua cidade, Teixeira de Freitas. A lei de licitações reza que os processos devem ser de acesso público.


Vanderlei saudou a decisão do STF, de quarta-feira passada (22.mai.2024), de considerar o uso de certos dispositivos legais como inconstitucionais quando aplicados em situações que configuram assédio judicial. O STF deu vitória e considerou procedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 7055) proposta pela Abraji.


"Você fazer jornalismo investigativo em uma cidade pequena, você passa várias nuances. Então, quando veio a decisão do STF, eu fiquei muito feliz", disse Vanderlei, citando também a ADI proposta pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI) para delimitar o alcance das ações de indenização contra jornalistas e meios de imprensa.


Bianka Carvalho destacou que o jornalista que mergulha em uma reportagem investigativa deve estar muito seguro das informações apuradas. "Para você fazer uma investigação, denunciar alguma coisa que estejam fazendo, você tem de ter muita certeza. Porque, se não, vão te engolir. Vão fazer todo o possível para te provar que aquilo é mentira e que você está sendo ‘lacrador’”.


 


Bianka falou sobre como os jornalistas devem estar com olhos e ouvidos atentos e que novas pautas surgem quando você está em outras apurações. "Eu sei que eu estava falando de merenda numa escola e veio um menino e disse 'meu irmão, fala aí da farda da gente, que tá podre'. Eu perguntei: 'a farda tá o quê?' Eles estavam sem receber fardas havia dois anos. Isso ensejou uma investigação, em fui em todas as escolas, em todas as empresas que produziam kit de material escolar e farda. Gente, isso deu um buruçu."


"A gente tem que lembrar que a investigação parte do dia a dia do jornalismo, da nossa desconfiança, que a gente não vai nem fazer o jornalismo útil se a gente não mostrar relevância na medida em que 'olha, conta a tua história pra mim porque eu estou aqui te ouvindo e eu acredito em você'. A gente vive uma fase muito difícil de descrédito do jornalismo. A gente tem de mostrar não é o que eu faria em teu lugar, é me colocar mesmo no teu lugar e imaginar como você se sente. Não tem empatia que não parta desse deslocamento de lugar", disse Bianka.


Para encerrar o evento, foi feito um happy hour para que os jornalistas trocassem contatos e experiências. A presidente da Abraji, Katia Brembatti, destacou a importância de eventos que ajudem os jornalistas a atuar em rede. A mediação foi feita pela coordenadora do Programa Tim Lopes, Angelina Nunes.

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